Na próxima sexta (09) o “Bloco Baderneiras”, que tem concentração no largo do Atheneu a partir das 16h e saída às 17h em direção à Praça Cívica, no Polo Petrópolis, vai cair na rua pela primeira vez aproveitando o período de folia, mas sem esquecer da luta das mulheres contra a violência.
Além da estreia nas ruas na sexta, as Baderneiras também se unem ao batuque do Bloco “Sem Preconceito, Eu Vou”, do Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes (GAMI), no domingo (11), com concentração às 15h, na praça do Cruzeiro, na Redinha Velha. O bloco é formado por mulheres artistas potiguares e militantes de movimentos feministas, como o Movimento de Mulheres Olga Benário.
A proposta é criar um espaço seguro de folia e agitação política, já que 50% das mulheres já foram vítimas de assédio sexual durante o carnaval e 73% têm medo de passar por essa situação pela 1ª vez ou vivenciá-la novamente, segundo levantamento recente do Instituto Locomotiva, que entrevistou 1.507 homens e mulheres entre os dias 18 e 22 de janeiro deste ano.
“O Bloco Baderneiras é uma forma de conscientizar as pessoas, através da música e de intervenções culturais. Uma pesquisa realizada este ano mostrou que 19% dos brasileiros acham normal um homem roubar um beijo de uma mulher no carnaval. Isso é um absurdo! Então o bloco tem essa finalidade de denunciar os assédios no carnaval e o aumento da violência contra as mulheres. Estaremos distribuindo panfletos e adesivos, enquanto faremos o cortejo do batuque. Durante o cortejo, também intervenções artísticas como, poemas e danças”, detalha Yasmin Friedrich, uma das coordenadoras da Ocupação Anatália.
Apenas as mulheres entram no batuque, mas os homens também podem acompanhar o cortejo.
Baderneiras?
O nome do bloco é uma homenagem a Franca Anna Maria Mattea Baderna (1828-1892), mais conhecida como Maria Baderna, uma bailarina italiana radicada no Brasil em 1849, cujas apresentações tornaram-se populares no Rio de Janeiro. Seu nome entrou para o vocabulário do português brasileiro como sinônimo de confusão. Maria Baderna incorporou às suas apresentações danças afro-brasileiras, como o lundu e a umbigada, passando a ser considerada como escandalosa pela sociedade escravista brasileira. Mas, por fazerem muito sucesso, ganhavam manifestações exaltadas dos fãs, que passaram a ser chamados de badernistas, e assim a palavra baderna tornou-se sinônimo de confusão ou tumulto.
A Ocupação
A Ocupação de Mulheres surgiu em 25 de novembro de 2023, no Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, e recebeu o nome de Anatália de Souza Melo Alves, que foi submetida a violências durante o regime militar no Brasil (1964 – 1985), contra o qual lutou até sua morte, em 22 de janeiro de 1973.
O e Movimento de Mulheres Olga Benário também surgiu nesse mesmo período a partir da necessidade de organização das mulheres pela luta contra a opressão e exploração numa sociedade capitalista, patriarcal e racista.
“Mesmo com o aumento da violência contra a mulher nos últimos anos, o Rio Grande do Norte possui apenas duas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), e somente uma delas tem atendimento 24h, o que dificulta ainda mais para as mulheres vítimas de violência denunciarem seus agressores. Além disso, contamos apenas com duas casas de abrigo e acolhimento no estado, que sempre estão sem vagas, por conta do índice alto de violência contra as mulheres no RN. Dessa forma, a maioria não tem para onde ir e, infelizmente, permanece nos mesmos lugares que seus agressores”, lamenta Yasmin.
O Movimento Olga Benário constrói ocupações em imóveis abandonados, que não cumprem função social há anos, para reivindicar políticas públicas e construção de casas que atendam mulheres em situação de violência, organizando profissionais voluntárias como advogadas, psicólogas e assistentes sociais, que realizam um atendimento humanizado e individualizado.
Em Natal, o grupo ocupa provisoriamente um prédio na Rua Frei Miguelinho, no bairro da Ribeira, enquanto aguarda a entrega de um espaço permanente, prometido pelo Governo do Estado e que ainda passa por reformas.
Respeita as boyzinha
Esse ano, como parte da campanha para combater o assédio sexual e violência contra a mulher, a Prefeitura do Natal criou um funk com as gírias locais e divulgando os canais de denúncia, através dos números de telefone 180 (Central de Atendimento à Mulher) e 190 (Ciosp - Centro Integrado de Segurança Pública).
SERVIÇO:
“Bloco Baderneiras”
sexta (09): concentração no largo do Atheneu a partir das 16h e saída às 17h em direção à Praça Cívica, Polo Petrópolis
domingo (11): acompanha o bloco “Sem Preconceito, Eu Vou”, com concentração às 15h, na praça do Cruzeiro, na Redinha Velha
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